quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Monja Coen - a mulher nos jardins de Buda

"O que faz certos seres partirem tão cedo em busca da própria vida e outros passarem uma vida inteira com medo de si mesmos? Uns andam com ou sem pernas, rumam se esfolando por caminhos afora, por estradas largas ou vielas escuras. Outros se procuram em espelhos humanos, sua vida em outras mãos, as pernas atrofiadas por falta de uso. É árdua a construção do equilíbrio, é um bater efêmero de asas. Porém, em algum ponto preciso da existência, a aurora do dia e a do eu podem acontecer simultaneamente." (pág. 120)

"Porque, assim como não se escuta o som do coração partindo, não se percebe o momento em que uma parte de nós sai de cena. Impossível! Mas é assim que acontece, pois somos uma legião. Somos muitos seres em um só, muitos atores em busca do bom personagem para nos habitar. A única permanência é a alma, ou seja, o que nos anima a seguir em frente. Se ela entra no outro que surge em nós mesmos, a vida terá novo ciclo de aventuras e possibilidades. Porém, se gruda num dos atores, tudo é devastação, sina a ser carregada."(pág. 140)

trechos do livro: Monja Coen - a mulher nos jardins de Buda. Neusa C. Steiner. Mescla Editorial.

sábado, 11 de dezembro de 2010

De Mudança

Hoje completo 29 anos. Tempos atrás, o Dilson, editor da Sorria, escreveu aqui que aniversários são como um Ano-Novo particular. É a minha definição preferida: um tempo de balanço. De pesar o que passou, o que há, o que está por vir. Dias de inferno astral pra rever as mudanças vencidas e escolher as próximas a enfrentar. Só então, vêm os fogos, daí sim merecidos.
Neste ano, não fiz festa. Dias antes, ao montar a minha lista de feitos e por fazer, fiquei mal. (...)
(...) fiquei desolada ao ver que a tabela do que falta é quase a mesma dos anos anteriores. Desejos e promessas que, passa o tempo, eu não cumpro. (...)
(...) São miudezas e pendências como sair cedo do trabalho, visitar mais minha família, praticar um esporte religiosamente, conviver mais com os amigos. Tudo simples, cotidiano, quase bobo. Por isso mesmo - porque só depende de mim - tão difíceis de mudar. (...)
(...) Vou dizer: o que eu queria de verdade hoje era comemorar não as conquistas, mas meus limites. Pra abandonar essa angústia de achar que não ser tudo aquilo, não realizar todas aquelas coisas, é um sinal de fracasso. Pensando bem, talvez a  maior mudança que eu precise fazer em mim mesma seja a do olhar.
Daí, quem sabe, consigo entender, sem frustração, que há mudanças impossíveis. Outras têm seu próprio tempo: não cabem agora, mas um dia acontecerão. E há muitas para as quais o desejo é só um pequeno começo: é preciso muito mais esforço e paciência, e ainda assim talvez não funcione de saída. E tudo bem. Dá pra tentar de novo mais ali na frente, de outro jeito. De qualquer forma, nenhuma mudança ou resignação acontece de uma vez só, nem termina em si mesma: manter é tão ou mais difícil quanto começar.

trecho de texto retirado da revista Sorria  nr. 16 - out/nov 2010 de autoria de Roberta Faria.


FELIZ NATAL E FELIZ 2011!!!
MUITO OBRIGADA A TODOS POR NOS ACOMPANHAREM NESSA CAMINHADA!
QUE ESTEJAMOS TODOS EM PAZ, PAZ, PAZ!
NAMASTÊ
Adriana, Karlla e Jucirema.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Uma outra maneira de ver os chakras Parte V (final).

Ajna, Sahashara e a liberdade


É a mente que ao mesmo tempo tem o poder de nos aprisionar e de nos libertar. Por isso que o sexto chakra é chamado de ajna, “chakra do comando”. Quando em contato com o conhecimento de si mesmo e quando desenvolvida uma compreensão sobre si mesmo, sobre o funcionamento da mente, o indivíduo tem a capacidade de ser livre, pois reconhece que não é apenas a personalidade, as latências mentais que são relacionadas aos chakras, mas elas fazem parte de si. O conhecimento de si mesmo é o reconhecimento de que não somos apenas a mente que julga e que anseia por controle, mas somos a consciência que a ilumina e que está acima dela, como o sahashara chakra, que está acima de todos os outros chakras.

Quando reconhecemos isso, nos estabelecemos na nossa própria natureza, que é divida. O ser está liberto. Ele continua conectado com a terra, aterrado e sentindo tudo o que todos os seres humanos sentem, todas as latências dos chakras: medo, ansiedade, raiva. No entanto, ao mesmo tempo, ele sempre reconhece-se como o todo, como pura Consciência que ilumina todos os aspectos de si mesmo, que é a causa, que está na base e acima de todas as suas tendências como ser humano. Mas ele está liberto, pois não se identifica com elas, apenas as reconhece. E ri. O sábio ri de si mesmo, dos outros e das armadilhas que a mente constrói para nos aprisionar. Mesmo que essa armadilha seja tentar controlas os chakras.

O sábio, em realidade, está consciente dos chakras e das suas influências sobre si mesmo, pois os chakras são os nossos condicionamentos, as nossas emoções, o nosso corpo. Ele, porém, reconhece-se como o ser que observa e que está fora da influência dos chakras. O sábio está livre das suas influências, positivas ou negativas.
por Ricardo Freitas e Tales Nunes.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Uma outra maneira de ver os chakras Parte IV

Vishuddha e o alinhamento dos Chakras.



Dentro da interpretação que propomos, o alinhamento dos chakras pode ser pensado como o próprio alinhamento pessoal. Como a busca pelo agir correto. Arjuna, o protetor do dharma na Bhagavad Gita, carrega em seu nome o nobre significado da palavra, “alinhado”, “reto”. Estar alinhado significa sermos Arjunas, estarmos comprometidos com o agir correto, com a retidão. Quando comprometidos com os valores universais, não apenas as nossas ações, mas as nossas palavras são um reflexo destes valores.
Alcançar essa retidão faz parte de um intenso processo de purificação (Vishuddha chakra significa “grande purificador”), de deixar para trás o que não precisamos. Viveka (questionamento) e Vairagya (desapego) são essenciais nesse processo. Cada vez mais atenção é necessária em direção ao nosso dia a dia. A prática principal não é feita de olhos fechados ou com a atenção fixa em alguma parte do corpo, mas com a atenção plena nas pequenas ações diárias. Para isso, refletir, questionar, para se lembrar o que é mais importante na vida e desapegar para simplificar, para não se perder no caminho, são qualidades fundamentais.
Questionamento e desapego são precisos para que possamos trilhar o caminho do autoconhecimento. É o questionamento que nos torna capazes de nos refletirmos, de refletirmos sobre nós mesmos. Apenas quando estamos alinhados é que podemos ter a paz e a tranqüilidade necessárias para escutar os ensinamentos dos mestres e a partir disso refletir e posteriormente colocar em prática o que foi escutado e apreciado.
Quando o Vishudha está em desequilíbrio é dito que sentimos conflito de auto-imagem, dificuldade em expressar o que pensamos e sentimos, ganância, insensatez, negatividade. Se observarmos com cuidado veremos que esses são vrttis de pessoas que são divididas, que mentem, que negligenciam a verdade e que agem em desacordo com os valores universais. Acreditamos que isso seja uma simbologia de que precisamos trabalhar a retidão. Assim adquirimos o que é dito como as características positivas do chakra: capacidade de reflexão, criatividade, receptividade, expressão, intuição, magnetismo, compreensão do subconsciente e assim usamos a nossa energia para estar atento e nos mantermos no caminho ao autoconhecimento
Apenas uma mente tranqüila é capaz de olhar para si mesmo com compaixão para reconhecer o apego, o medo, o desejo, a raiva, e aceitar que tudo isso faz parte do seu ser, mas a pessoa não é apenas esses aspectos. Em si jaz um ser liberto, pleno e completo. Somos seres que temos, como o Ganesha nas suas representações, um pé tocando o chão, outro fora dele. Um em contato com o mundo da matéria e o que há de mais denso no universo: apego, medo da morte, desejo de controlar o mundo exterior; o segundo que simboliza a nossa conexão com o divino, com a consciência sutil que é a causa de todo o universo e que é refletida no que temos de mais sutil em nós, a nossa mente. A nossa mente, por meio da consciência, ilumina o mundo ao nosso redor e elimina a nossa ignorância sobre ele, sobre nós e sobre a existência.

por Ricardo Freitas e Tales Nunes

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Uma outra maneira de ver os chakras Parte III

Anahata e o Dharma

Num determinado ponto da sua vida, ao refletir sobre as suas ações e as suas conseqüências, a pessoa pode reconhecer a importância dos valores na sua vida. As ações guiadas pelos valores universais trazem para si uma tranqüilidade mental e uma paz no coração (anahata chakra) que vale mais do que qualquer outro ganho. A pessoa pode seguir na busca por segurança e por prazer, mas ao reconhecer a importância dos valores, estes guiarão suas ações nesta busca. É como se o centro de atenção da pessoa mudasse de si mesmo para o todo, pois reconhece que o que ele deseja que os outros façam para ele é exatamente o que ele deve fazer pelos outros. O praticante continua pensando em si, pois ele reconhece o valor que existe para ele em seguir o que é correto, mas as suas ações são inofensivas ou benéficas aos outros.

Se alguém então diz que o anahata chakra esta desequilibrado é porque a pessoa sente passividade, falta de motivação ou confiança, angústia, desespero, aversão, ódio, agressividade e essas qualidades não são muito diferentes dos obstáculos citados por Patanjali no sutra 30: inércia, dúvida, negligência, preguiça, volubilidade, equivocação, inconstância e instabilidade.

Sabemos que o amor, solidariedade, manter uma relação com Ishvara (o Todo), alegria, autoridade, compreensão, generosidade, nobreza, compaixão, o que chamamos de um anahata equilibrado, são valores que nos ajudam a ter uma mente satisfeita com a pessoa que eu sou.
por Ricardo Freitas e Tales Nunes

Granthis - Os três nós psíquicos do Yoga Parte III

Finalmente, o terceiro nó, Shiva Granthi (ou Rudra Granthi), localiza-se na região do Ajña Cakra.
Ajña é o chakra que tanto gerencia o exercício da especulação intelectual e racional (desde o que se refere a vazia "masturbação mental" até à reflexão sobre o Conhecimento), quanto à própria visão da Unicidade e da realidade de que somos a plenitude e a felicidade que buscamos.
O Ajña chakra também está relacionado com a conexão com as outras dimensões, com a sensitividade, a intuição, a mediunidade.
O Ajña chakra está relacionado à glândula hipófise.
Shiva é o deus hindu dos ascetas, do Yoga e da meditação. Simboliza nosso próprio poder de transformar nossa vida e transmutar toda a sombra em Luz ; e também simboliza a conexão com nosso interior, com nosso centro.
Shiva Granthi faz com que o homem se perca na intelectualidade vazia e estéril, não instrumentalizando eficientemente seu complexo psíquico para a auto-realização.
Perder-se no caminho em função da aquisição de siddhis (poderes psíquicos) quando isto desequilibra o ego e a mente, também é um obstáculo relacionado ao Shiva Granthi.
Este Granthi é desbloqueado por Jñana Shakti, o poder de conhecer. Tanto de conhecer no sentido de acumular informações, como conhecer no sentido do próprio Conhecimento e Sabedoria.
O desejo pela liberação, pela consciência da Unidade, despertado no rompimento do segundo Granthi, faz com que o homem use sua mente e intelecto para questionar e refletir sobre esta Unidade.
Shiva Granthi também está relacionado aos anéis musculares oral e ocular, da psicologia Reichiana.
Rompido Shiva Granthi obtem-se a visão da Realidade Absoluta. Sattwa Guna é o impulso que permeia este nível.
Dentro do amplo instrumental do Tantra, a principal técnica utilizada para auxiliar no rompimento dos Granthis, é Bhastrika (o Fole), que além de ser um pranayama (trabalho respiratório e energético), é uma poderosa kriya (técnica de purificação).
Jñana Yoga ( o Yoga do Conhecimento e da Sabedoria) e Raja Yoga (o Yoga da meditação) são, dentro da perspectiva hindu, os caminhos mais indicados para trabalhar e superar este Granthi.



Ernani Fornari
Dharmendra

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Titiksa - A tolerância dos pares de opostos.

Todas as pessoas têm um grupo de ragas e dvesas - gostos e aversões - que constitui a personalidade. Posso gostar de bolo de chocolate e não gostar de jiló, e não há nada de errado nisso. Caso eu possa escolher, vou optar pelo bolo, e não pelo jiló. Contudo, caso não seja possível escolher o bolo e tenha que comer jiló, então o faço sem reagir. Esta tolerância é chamada titiksa, e se aplica a todos os pares de opostos, que caracterizam o universo como dual. As situações consideradas ideais para cada pessoa raramente são possíveis, e quando surgem são temporárias. Aceitar o universo como ele é, com toda a sua dualidade, é fruto de uma maturidade. O resultado é a capacidade de tolerância, titiksa, que caracteriza uma mente mais firme e tranquila, capaz de aceitar as coisas como são, ainda que sejam diferentes da minha preferência.
Patrick van Lammeren - trecho extraído do testo Samudra Manthana - A Bateção do Oceano,Cadernos do Yoga, Ano VII, número 27.

Granthis - Os três nós psíquicos do Yoga Parte II

O segundo Granthi é Vishnu Granthi, o nó que se localiza na região do Anahata Chakra (elemento Ar) que é o chakra da afetividade, dos sentimentos, do amor, da compaixão.
Vishnu é o aspecto divino relacionado com o Amor (Rama, Krishna, etc.), que transmuta a emoção em devoção (amor universal).
O Anahata chakra está relacionado à glândula timo e ao prana Prana (elemento Ar), que rege as funções pulmonar e cardíaca, e circula em fluxo ascendente (ao contrário de Apana), gerenciando tudo aquilo que é absorvido (em todos os sentidos).
Este segundo nó faz com que o homem selecione os objetos a serem amados (meus filhos, meus amigos, meus pais, minha casa, meu carro, etc.) e cria apego por estes objetos.
A religiosidade excessivamente emocionalizada também é uma característica dos obstáculos criados por este nó.
Vishnu Granthi pode ser desbloqueado por Iccha Shakti, o poder de desejar. Quando enredado por Maya (ilusão da separatividade), e sob o impulso da Guna Rajas, o homem cria desejos e necessidades segundo seus instintos e seus apegos. Quando o desejo se sutiliza o homem desenvolve mumukshutwam, o desejo pela liberação, pela consciência da Unidade.
Este Granthi também está relacionado aos anéis musculares diafragmático e toráxico da psicologia Reichiana.
Romper o Vishnu Granthi leva a uma interação afetiva desimpedida, abrindo caminho ao Amor Total que leva o homem a amar indistintamente toda a Criação, expressando plena e equilibradamente as suas emoções e dissolvendo suas couraças afetivas e relacionais.
Possibilita ainda que não se reprima nenhuma emoção vivenciada, ao contrário, que se perceba a emoção, que se sinta, se expresse e deixe que passe.
Bhakti Yoga (o Yoga da devoção e do amor universal) é o processo, no universo hindu, mais indicado para trabalhar este Granthi, e Prema (o amor universal) é o coroamento deste processo.
Ernani Fornari
www.ernanifornari.com.br

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Uma outra maneira de ver os chakras Parte II

Svadistana, Manipura e o prazer.
O segundo chakra é chamado de 'o fundamento de si próprio'. Este chakra está relacionado à sexualidade, o pai de todos os nossos desejos. Depois de termos resolvido a nossa busca por segurança, dizem os Vedas, é natural que busquemos prazer. Prazer por meio da sexualidade e da sensualidade. O 'fundamento de si próprio', nome dado a este chakra, indica-nos a consciência que o indivíduo tem de si mesmo, de sua individualidade. Antes do ego ser questionado, é necessário ser sedimentado. O indivíduo ainda encontra-se centrado no eu. Eu enquanto individualidade e personalidade. Mas enquanto grudado ao ego, o indivíduo buscará apenas a saciedade de seus desejos pessoais.

Na busca por saciar seus desejos, o indivíduo sai para o mundo. O desejo é o motor da ação e para a transformação do mundo à sua maneira. Tudo e todos são vistos como um meio para que o indivíduo obtenha segurança e prazer. Nasce dentro de si o desejo de controlar o mundo, pois as ações do indivíduo estão centradas no seu próprio umbigo ? local onde está localizado o manipura chakra. Por muito tempo a pessoa pode ficar presa no seu impulso de controle do mundo para obter a sua segurança e o seu prazer. Quando algo sai diferente do que planejado, a pessoa enraivece-se, pois não consegue se conformar com a idéia de não ter controle sobre o mundo externo. Para conseguir os seus dois objetivos, a pessoa muitas vezes esquece os valores e a ética, porque o que está em primeiro lugar é si mesmo, em lugar dos outros. Muitos podem permanecer nessa incessante busca por toda a vida. Então pode-se dizer que a pessoa ficou presa no manipura chakra, ou apenas que ela estacionou no seu desejo por segurança e prazer.

Se observarmos as latências mentais referentes a estes chakras em desequilíbrio: agressividade, violência, excessos, vergonha, autodestruição, obsessão sexual, domínio, solidão, egoísmo, vontade domínio sobre os demais, distorção da sexualidade, ambição, arrogância, raiva vemos que essas emoções são obstáculos para a libertação. E ao mesmo tempo valor, coragem, reações positivas ante os obstáculos, criatividade, vitalidade, domínio sobre as paixões, bem-estar, poder, consciência do eu, impulso pelo autoconhecimento, confiança, discernimento, são valores e qualidades muito parecidas com as citadas por Krishna na Gita e por Patanjali no Yoga Sutra como imprescindíveis para o autoconhecimento. (continua...)
Ricardo de Freitas e Tales Nunes
www.yoga.pro.br
27/05/2009

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Granthis - Os três nós psíquicos do Yoga

O Tantra é o mais antigo sistema de Conhecimento do universo indiano e o que mais profundamente explorou e instrumentalizou a utilização da energia vital no reequilíbrio psico/emocional/energético, e conseqüentemente, espiritual.
Um dos elementos interessantes desta fisiologia (e desta filosofia) é o conceito dos Granthis, os nós psico/emocionais/energéticos que estão posicionados ao longo da Sushumna Nadi (o conduto central de energia que localiza-se como contraparte sutil da coluna vertebral) .
A Sushumna nadi simboliza a consciência da Unidade (energia Kundalini) e os Granthis simbolizam, trazendo a analogia para o universo do Fogo Sagrado, os sistemas de corpos energéticos com seus núcleos de boicotes, limitações, sabotagens, apegos e falsas crenças e identificações, que devem ser transmutados e re-significados ao longo de nossa jornada para a consciência da Unidade.
Os Granthis são como que os obstáculos psico/emocionais/energéticos por que cada um deve passar ao longo da sua trajetória rumo ao autoconhecimento. Ao mesmo tempo expressam as defesas e bloqueios que construímos.
Os samskaras (impressões psico-emocionais, que vão gerar vasanas, que são as crenças, tendências e padrões) – outro nome para os Corpos Energéticos - vão, de acordo com sua “temática”, funcionar como manutencionadores dos Granthis.
É interessante procurar notar no trabalho de canalização de Corpos Energéticos, quais conteúdos estão relacionados com que Granthis ? Deonde se originam os padrões que estão sendo manifestados e expressos pelo canalizador?
O primeiro Granthi é o Brahma Granthi, que está localizado na região do Muladhara Chakra (elemento Terra). Brahma é o Senhor da Criação e o Muladhara Chakra é o chakra da criação material (reprodução), do pé no chão, da auto-preservação, da atuação no mundo físico, da saúde física. Diz-se que o Brahma Granthi é o nó do samsara, do mundo dos nomes e das formas.
O Muladhara chakra está relacionado às glândulas supra-renais (adrenalina!) e ao prana Apana (elemento Terra), que rege a função da eliminação e circula em fluxo descendente.
Este primeiro nó energético faz com que a interatividade do homem com os aspectos mais práticos da vida (trabalho, dinheiro, saúde) não flua com eficiência. O homem identifica-se com a criação, com seu ego, com seu corpo e com todo o grande jogo da Maya. Neste sentido, o Brahma Granthi fomenta o apego ao mundo e aos seus aspectos mais densos.
Brahma Granthi está relacionado com Kriya Shakti, o poder de agir, de atuar. Este poder de agir enquanto identificado com a energia ilusória da criação, amarra o homem ao plano denso da materialidade, ao nível mais tamásico (Guna Tamas).
Também está relacionado ao anéis musculares pélvico e abdominal, da psicologia Reichiana.
Romper o Brahma Granthi leva a agir-se como o ator, e não mais como o personagem, no interminável drama da vida.
E Hatha Yoga (o Yoga da saúde psicofísica) e Karma Yoga (o Yoga do desapego) são os caminhos indicados para este nível, e seu desbloqueio desidentifica o homem do seu egocentrismo.
Superar o Brahma Granthi significa usar positiva e equilibradamente a determinação, a objetividade, a coragem, o cuidado com a saúde e a beleza do corpo, a prosperidade material, a paternidade.
E o deus hindu Ganesha está relacionado a este Granthi, na medida em que o deus com cabeça de elefante simboliza nosso próprio poder de abrir nossos caminhos, vencer nosso medos, superar nossos obstáculos e crescer. (continua...)

Ernani Fornari
Dharmendra
www.ernanifornari.com.br

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Uma outra maneira de ver os chakras

Sempre ouvimos que os chakras deveriam ser visualizados ou sentidos. Como não conseguimos vê-los ou senti-los em toda a complexidade que é apresentada pelo Tantra, propomos interpretá-los de uma maneira diferente. Sugerimos, neste artigo, apenas pensarmos sobre os chakras. Acreditamos que o caminho à iluminação proposto pela prática tântrica pode ser pensada como uma simbologia da nossa própria trajetória de vida e da nossa busca pessoal pela espiritualidade, ou melhor, pela liberação. De acordo com o Vedanta, independentemente de etnia, nacionalidade ou crença, são quatro as buscas dos seres humanos: artha (segurança), kama (prazer), dharma (o correto agir) e moksha (a liberdade).

Muladhara e a segurança
A primeira preocupação do ser humano é com a sua segurança. Todas as nossas ações básicas têm como objetivo nos trazer a preservação da vida. O primeiro chakra, muladhara, é dito ser responsável pelo instinto de sobrevivência, pelo apego às coisas materiais e pelo medo. Ou seja, podemos entender o primeiro chakra e os 'bloqueios' relacionados a ele como esse nosso anseio natural por segurança. Dentro do caminho em busca da liberdade é necessário trabalhar as emoções e sentimentos relacionados e esse primeiro chakra.

É dito que as tendências do muladhara chakra em desequilíbrio seriam a inércia, posse, medo, apego, rigidez, cobiça, avidez, bloqueio na comunicação, tendência de ser manipulado, credulidade, dificuldade em dar e receber, possessividade. Algumas destas tendências são citadas por Patanjali como obstáculos para permanecermos na nossa verdadeira natureza. Da mesma forma, se observarmos as qualidades ditas sobre esse mesmo chakra quando ele esta equilibrado: sobrevivência, solidez, autoconfiança, materialidade, boa comunicação, relação sadia com a matéria, capacidade de transcender limites, discernimento, estas são citadas em vários textos, inclusive no Yoga sutra, como as qualidades sugeridas para o aspirante a moksha. (continua...)


Ricardo Freitas e Tales Nunes.
www.yoga.pro.br - 27/05/2009

O amor é a mente que está consigo mesma.

"(...), a sua raiva é devido à falta de acomodação, pois você espera que todo mundo se comporte conforme as suas expectativas. Para que se possa desenvolver um valor pela acomodação das pessoas, um fato precisa ser claramente compreendido: a outra pessoa age de uma forma específica porque é incapaz de agir de outra forma. "Ele poderia ter feito melhor", você diz. Se ele pudesse, ele então teria feito. Que direito você tem de exigir que a outra pessoa aja conforme as suas expectativas? Ela não teria então o mesmo direito de esperar de você outra maneira de ser?
Afinal, se você mudasse, ela não precisaria mudar. Se você tem o direito de esperar uma mudança da outra pessoa, ela tem também o mesmo direito de esperar que você deixe-a viver como ela é. Na verdade, apenas acomodando as outras pessoas, apenas permitindo-lhes que sejam como são, você poderá obter uma relativa liberdade na sua vida diária. (...)
(...) Não importa o quanto de Vedanta você venha a estudar. A menos que você acomode plenamente as outras pessoas, não funcionará com você. Você terá apenas um sentimento de que existe algo oculto, ainda por ser descoberto. Você desejará mudar os outros para poder ser livre, só que isto nunca funcionará. Aceite as outras pessoas totalmente e você então será livre. Só então você descobrirá o amor que é você mesmo."
trechos extraídos de um seminário intitulado "Sobre amor" com Swami Dayananda em Toronto, 27/07/1985.
Cadernos de Yoga, Ano VII, número 27 - Inverno 2010.

domingo, 21 de março de 2010

Entrando na caverna habitada pelo mestre Gheranda, o discípulo Candakapali o saúda e logo diz:
"Oh, senhor, tu que és o maior dos yogis, me ensine mais sobre o Yoga que nos leva ao conhecimento da Realidade". Gheranda lhe responde: "Muito bem, alma corajosa. Já que me perguntaste, escuta atentamente o que vou te dizer: Não há prisão maior do maya (ilusão); não há inimigo pior do que o egoísmo e não há poder maior do que a disciplina do Yoga".