quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Monja Coen - a mulher nos jardins de Buda

"O que faz certos seres partirem tão cedo em busca da própria vida e outros passarem uma vida inteira com medo de si mesmos? Uns andam com ou sem pernas, rumam se esfolando por caminhos afora, por estradas largas ou vielas escuras. Outros se procuram em espelhos humanos, sua vida em outras mãos, as pernas atrofiadas por falta de uso. É árdua a construção do equilíbrio, é um bater efêmero de asas. Porém, em algum ponto preciso da existência, a aurora do dia e a do eu podem acontecer simultaneamente." (pág. 120)

"Porque, assim como não se escuta o som do coração partindo, não se percebe o momento em que uma parte de nós sai de cena. Impossível! Mas é assim que acontece, pois somos uma legião. Somos muitos seres em um só, muitos atores em busca do bom personagem para nos habitar. A única permanência é a alma, ou seja, o que nos anima a seguir em frente. Se ela entra no outro que surge em nós mesmos, a vida terá novo ciclo de aventuras e possibilidades. Porém, se gruda num dos atores, tudo é devastação, sina a ser carregada."(pág. 140)

trechos do livro: Monja Coen - a mulher nos jardins de Buda. Neusa C. Steiner. Mescla Editorial.

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