segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Uma outra maneira de ver os chakras Parte IV

Vishuddha e o alinhamento dos Chakras.



Dentro da interpretação que propomos, o alinhamento dos chakras pode ser pensado como o próprio alinhamento pessoal. Como a busca pelo agir correto. Arjuna, o protetor do dharma na Bhagavad Gita, carrega em seu nome o nobre significado da palavra, “alinhado”, “reto”. Estar alinhado significa sermos Arjunas, estarmos comprometidos com o agir correto, com a retidão. Quando comprometidos com os valores universais, não apenas as nossas ações, mas as nossas palavras são um reflexo destes valores.
Alcançar essa retidão faz parte de um intenso processo de purificação (Vishuddha chakra significa “grande purificador”), de deixar para trás o que não precisamos. Viveka (questionamento) e Vairagya (desapego) são essenciais nesse processo. Cada vez mais atenção é necessária em direção ao nosso dia a dia. A prática principal não é feita de olhos fechados ou com a atenção fixa em alguma parte do corpo, mas com a atenção plena nas pequenas ações diárias. Para isso, refletir, questionar, para se lembrar o que é mais importante na vida e desapegar para simplificar, para não se perder no caminho, são qualidades fundamentais.
Questionamento e desapego são precisos para que possamos trilhar o caminho do autoconhecimento. É o questionamento que nos torna capazes de nos refletirmos, de refletirmos sobre nós mesmos. Apenas quando estamos alinhados é que podemos ter a paz e a tranqüilidade necessárias para escutar os ensinamentos dos mestres e a partir disso refletir e posteriormente colocar em prática o que foi escutado e apreciado.
Quando o Vishudha está em desequilíbrio é dito que sentimos conflito de auto-imagem, dificuldade em expressar o que pensamos e sentimos, ganância, insensatez, negatividade. Se observarmos com cuidado veremos que esses são vrttis de pessoas que são divididas, que mentem, que negligenciam a verdade e que agem em desacordo com os valores universais. Acreditamos que isso seja uma simbologia de que precisamos trabalhar a retidão. Assim adquirimos o que é dito como as características positivas do chakra: capacidade de reflexão, criatividade, receptividade, expressão, intuição, magnetismo, compreensão do subconsciente e assim usamos a nossa energia para estar atento e nos mantermos no caminho ao autoconhecimento
Apenas uma mente tranqüila é capaz de olhar para si mesmo com compaixão para reconhecer o apego, o medo, o desejo, a raiva, e aceitar que tudo isso faz parte do seu ser, mas a pessoa não é apenas esses aspectos. Em si jaz um ser liberto, pleno e completo. Somos seres que temos, como o Ganesha nas suas representações, um pé tocando o chão, outro fora dele. Um em contato com o mundo da matéria e o que há de mais denso no universo: apego, medo da morte, desejo de controlar o mundo exterior; o segundo que simboliza a nossa conexão com o divino, com a consciência sutil que é a causa de todo o universo e que é refletida no que temos de mais sutil em nós, a nossa mente. A nossa mente, por meio da consciência, ilumina o mundo ao nosso redor e elimina a nossa ignorância sobre ele, sobre nós e sobre a existência.

por Ricardo Freitas e Tales Nunes

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